terça-feira, 5 de novembro de 2013

Entrando no Personagem

       Quando crianças o ballet é algo lúdico, se seguimos em frente, passamos para aulas técnicas, de formação, com foco no aprendizado, no desenvolvimento dos passos, na amplitude dos alongamentos, na execução de giros e etc.
Esses são itens do dia a dia de todo estudante de ballet, até que é chegada a hora das apresentações.

Adaptações de grandes repertórios ou criações de coreógrafos, não importa, o que importa é que um novo elemento será incluído; a ATUAÇÃO.
"Mas eu não faço teatro, não gosto de teatro, gosto de ballet."

Você pode sim, apenas dançar, executar passos técnicos se esta for sua vontade, mas o ballet em si, compreende muito mais.

O ballet é a arte de expressar emoções através da dança, de contar uma história sem palavras, apenas com o gestual e com os movimentos.
As vezes você enxerga bailarinos muito mais técnicos no corpo de baile do que o principal, porém o principal tem que (e os outros também), dar vida ao personagem, interpretá-lo, mostrar em suas expressões faciais e físicas o que esta sentindo ou acontecendo na cena.
Isso é fácil?
Não.
É dom?
Sim.
Se aprende?
Também.

O estudo das obras de ballet disponíveis é imprescindível quando se vai interpretar.
Se você esta dançando Giselle e é uma das camponesas da vila, sua postura deve ser recatada, sempre com o olhar baixo, porém feliz e alegre.

Se você for do corpo de baile das Willys, você é um fantasma atordoado, que morreu antes de se casar e teve uma decepção amorosa, você é um ser triste, frustrado, sofrido e isso tem que ser passado.


Se você esta dançando a Bela Adormecida por exemplo, é um ballet de realeza.
Até o corpo de ballet são parte da realeza, queixo alto e semblantes vivos.

Se for uma das fadas, delicadeza, suavidade e sorrisos ternos.


Dom Quixote é outro extremo. O sangue caliente do povo Espanhol, sempre festivo e alegre.
Homens galanteadores e mulheres lascivas.

Caras e bocas um pouco mais exageradas são permitidas, risos largos e audaciosos.

Os passos são bem demarcados e fortes.

La Bayadere já possui outro foco, a nobreza e a submissão dos escravos.
A nobreza sempre mais imponente.
Os escravos exibem todas as suas belezas, porém são subjugados.

Nikya, por exemplo é obrigada a dançar no noivado de seu amado com outra mulher. Toda a dor, vergonha e humilhação transparece em sua dança, até seu trágico fim.


No geral, a mensagem é a sempre a mesma, estude.
Procure referências dos personagens que vai interpretar. Assista os vídeos disponíveis e tire os detalhes dos trejeitos, das expressões,da potência ou delicadeza dos movimentos e com apoio de seu professor/coreografo vá montando sua atuação.

Outro ponto: não tenha vergonha.
Vergonha de sorrir e parecer bobo, vergonha de colocar o corpo de uma forma não tão usual, uma inclinação diferente da aula, mais ou menos exagerada.
Se for pedido que sorria nos ensaios, sorria. Pois você se acostuma e sai natural no dia.
O que muito acontece é as bailarinas começando a coreografia sorridente e 1-8 depois, estarem com cara de pastel e só lembrarem de sorrir na pose final.



E pra vocês, o que é mais difícil pra quando o assunto é entrar no personagem?

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